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domingo, 30 de janeiro de 2011

História da Música III


ATRÁS DA PORTA


 A história de como foi composta a música "Atrás da Porta", parceria de Chico Buarque com Francis Hime, e a maravilhosa interpretação de Elis.


Quando Elis conheceu a música, levada por Menescal, a melodia de Francis Hime 
tinha só a primeira parte da letra de Chico Buarque. Elis e César ficaram apaixonados pela 
música e a gravação foi marcada para dentro de três dias. Nesse meio tempo, Menescal e 
Francis tentariam dar uma pressão em Chico para terminar a letra. À noite, separada de 
Ronaldo, sozinha na casa branca da Niemeyer, Elis resolveu fazer uma sessão de cinema, 
convidando alguns amigos, entre eles César, para ver Morangos silvestres, de Bergman, 
um clássico-cabeça da época. Mal o filme começou, César recebeu um bilhete de Elis, foi 
ao banheiro ler e se espantou: era um “torpedo” amoroso. Atônito, César leu e releu, 
acreditou e sumiu: completamente fascinado por Elis, era tudo o que secretamente 
desejava. E temia. Então sumiu. Não foi encontrado nos dois dias seguintes em lugar 
nenhum, os amigos se preocuparam. Mas no dia e hora da gravação, duas da tarde, César 
estava no estúdio, Menescal se sentiu aliviado e Elis sorriu sedutora. César dispensou os 
músicos, pediu para todo mundo sair, para colocarem o piano no meio do estúdio, 
baixarem as luzes e deixarem só ele e Elis, para a gravação do piano e da voz-guia de 
“Atrás da porta”.

Extravasando seus sentimentos, misturando as dores da separação com as 
esperanças de um novo amor, Elis cantou, mesmo sem a segunda parte da letra, com 
extraordinária emoção, com a voz tremendo e intensa musicalidade. Na técnica, quando 
ela terminou, estavam todos mudos. Elis chorava abraçada por César. Juntos, César e 
Menescal foram levar a fita para Chico, que ouviu, chorou, e terminou a letra ali mesmo, no 
ato.


“Dei pra maldizer o nosso lar,
pra sujar teu nome, te humilhar

e me vingar a qualquer preço

te adorando pelo avesso

pra mostrar que ainda sou tua..."

Assim, Elis Regina cantou a versão definitiva de uma das mais poderosas e dilacerantes letras de amor e ódio da música brasileira, produziu uma gravação antológica e emocionou o Brasil com sua arte. E ganhou um novo namorado, com quem esperava crescer na música e na vida."


Elis Regina

A História contada por Chico Buarque

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